24 setembro 2016

Deploração

cavar todos os dias
com pás
sem paz sem descanso
a cada instante
como se fosse adiante

cavar com o pé
o que não é
sendo diamante
a toda hora
como se fosse embora
cavar o pó
até o tesouro
de se estar só

cavar crise e cova
até cratera
até o outro lado
e à outra era
pisar na merda
que se faz ouro
rubis esmeraldas
e outras coisas
que além de almas
não valem nadas

e dar de comer aos porcos
que trocam 
tudo que é alto
por feijão no prato
e ter que partir
sem ter o nome na lista

e enfim um vulto
que no longe some
a morrer de fome:
eis a missa do artista

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