02 fevereiro 2015

a sábia-asa-sangue do abutre

I - poeta
é quem sabe ver no escuro:
palavras são escuros
abismos de símbolos

o poeta olha para a palavra
como quem olha
para o céu da noite:
um infinito de possibilidades

II - quem vê o fundo do escuro
não se engana com o brilho das luzes

acima das plumas brancas da esperança
paira a sábia-asa-sangue do abutre
e a garra firme do gavião

III - os melhores vinhos
trazem as trevas da morte
e os piores raios
brilham como o dia

e só o poeta sabe
que há paz
no olho do furacão


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