18 agosto 2014

A Metralhadora da Ironia e a fast foda

A arma mais eficiente nas mãos do escritor da atualidade é a Ironia.  Sim, Ironia com letra maiúscula, como os poetas do Renascimento e Barroco escreviam Amor. A Ironia, quando bem disparada, é impiedosa e não deixa possibilidades de reação. Vazia por um lado e vulgarizada e saturada de tudo por outro, a humanidade é como um paciente que consumiu tanto antibiótico contra sua doença que agora o medicamento já não faz nenhum efeito. Nada a sensibiliza.

A não ser a Ironia, a figura de linguagem do século XXI, uma das raras formas de mexer, de instigar as pessoas. Isso se explica porque hoje todo mundo quer tanto "parecer" que acaba temendo parecer ridículo. E a Ironia é temida porque comete esse crime: ridiculariza. E ridiculariza exatamente porque desvela as aparências. É como escreveu Fernando Pessoa: "A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente." De modo que encerro com algo irônico:

Instantâneo

agora
a comida é rápida
nos dois sentidos:

fast food
fast foda

2 comentários:

Ana Bailune disse...

Olá!
Sempre sou acusada pelos meus desafetos de usar ironia em meus escritos. E é verdade, uso muito, mas acho melhor do que dizer tudo o que penso de verdade...

Unknown disse...

Exatamente, a Ironia expõe ao ridículo. Gosto muito também do Sarcasmo, que arranca a carne dos caretas.