26 agosto 2012

Silêncio


em breve
nem o longe
ao longe
no horizonte
em breve
o sempre
que será ontem
silêncio esgotado
ao esgoto
de uma fonte

em breve
nem o leve
só o calo
de um canto de ave
calado
num eterno vago
de neve
pássaro passado
desmanche
de sorriso lasso
desmoronado
por entre olhos
de cuja luz
em breve
nem traço

e da árvore
que te arde
despencada
entre abismo
folha por folha
abalada
entre os riscos
do que cismo
em breve
nem cisco

em breve
nem nada
e que te leve
o desfeito

assim
como se fosse
o meu peito

3 comentários:

Nadine Granad disse...

Lindíssimo!!!

E seu peito tanto diz!...

... Contemplo...Silencio-me...

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Lindo! Muito bom te ler!

Bete Nunes disse...

Teu silêncio tem ritmo, musicalidade,
cadência, lirismo, beleza.

Poe dizia que a poesia tem que elevar a alma. Esse poema eleva a alma.

um abração.