06 fevereiro 2011

Os Pássaros e um Significado Funesto

Nos últimos anos, tem aumentado de forma significativa o número de pássaros no centro de Santiago. Os santiaguenses perceberam?  São pássaros que na minha infância e adolescência eu nunca vira, ou vira raramente, no centro da cidade. Eu os via apenas no interior do município ou em periferias já no limite urbano. São, por exemplo, bandos de periquitos, de pelinchos, de gralhas, entre outros.

Parece belo, parece bom, não é? Mas desgraçadamente isso é trágico. Tais pássaros típicos de zonas rurais invadindo a zona urbana trazem um significado funesto: o de que estão perdendo o seu habitat. Reflete, logicamente, a destruição de suas matas, a proliferação caótica das lavouras, o desaparecimento progressivo das fontes d'água, a ação dos caçadores. Expulsas de seu meio, as aves estão fugindo da morte, lutando para sobreviver em locais onde ainda podem encontrar alimentos e se refugiar da caça predatória, pois ninguém (ou quase ninguém) caça no centro de uma cidade.

Fala-se muito nos refugiados humanos das alterações climáticas e ambientais, mas ninguém (ou quase ninguém) pensa nos outros refugiados, os animais, tão vítimas (não, são muito mais vítimas) quanto os homens. Mas assim é. Desde que antigos filósofos e cientistas preconizaram e ensinaram à humanidade que a natureza deve ser dominada a todo custo, que "seus segredos devem ser obtidos sob tortura", que ela deve servir submissa aos interesses egóicos do homem, como uma escrava, desde esse dia temos transformado nosso planeta em um inferno. 

Mas a rebelião das forças naturais (que sempre serão indomáveis) que se assoma assustadora a cada dia que passa colocará um ponto final na vã e imbecil prepotência humana...

9 comentários:

Igor Buys disse...

A meu ver, ingênuo: a natureza pode e deve ser controlada; só que isso tem de ser bem feito. Abraço!

Al Reiffer disse...

Ingênuo, Igor, é acreditar que o homem pode fazer isso bem feito. O tempo já provou que não.

Al Reiffer disse...

Completando: a natureza deve ser compreendida a fundo, não dominada ou submetida a qualquer tipo de interesse. Com a compreensão haverá a harmonia natural entre homem e natureza. Compreender é difícil, dominar é fácil. Mas acreditar que a as forças naturais podem ser dominadas à força é uma ilusão arrogante que o tempo está se encarregando de desfazer. E a alto preço. Abraço.

Agnes Mirra disse...

Imagem forte,Reiffer!Pertinente com o texto e com a realidade ...O homem é mesmo uma lástima...E paga por sua ação cruel!

Zélia Guardiano disse...

Bravo, Reiffer!
Bravo!
Sábias palavras, estas que você nos dá.
Assino embaixo.
Abraço, querido!

Neuzza Pinheiro disse...

a técnica e a ciência nao vão nos salvar e não vão consertar os estragos. É isso, nos afastamos de nós mesmos, estamos traçando um destino cruel para todas as espécies vivas, estamos destruindo a nossa própria casa. Vc tem razão, Alessandro: temos que prestar contas por isso.

Richard Mathenhauer disse...

... não me lembro onde li que o homem era comparado a um vírus. Bom, que importa é que aqui em minha vila tb percebo pássaros incomuns e tb em maior quantidade. Nosso gde mal é a monocultura da cana-de-açúcar: quem nunca viu uma queimada de perto não sabe o que causa, um misto de admiração e horror: admiração pelo fogo, o poder, o horror de ver tantas criaturas tentando fugir desse fogo, desse poder.

Abraços, meu caro.

P.S.
Espero que as coisas estejam caminhando bem.

Lara disse...

Comentando um post antigo: Não se trata de igenuidade, penso que tem faltado bom senso a nossa espécie desde o dia que foi instaurado o demerito da palávra selvagem, o que é selvagem passou a ser considerado feio, e o civilizado belo, mas o que ocorre é a grande duvida: será o civilizado tão civilizado assim?

Lara disse...

Bom eu ia comentar e acabei escrevendo um texto, se te interessar: http://pequenamarionete.blogspot.com/2011/02/era-para-ser-um-comentario.html