06 dezembro 2010

Soneto à Hora da Morte de Brahms

(Segundo frau Tuxta, Brahms chorou de tristeza à hora da sua morte, o motivo não lhe pôde dizer: “Quando vi que as suas tentativas eram inúteis, vi que grandes lágrimas começaram a cair dos seus olhos e a rolar pelo seu rosto abatido. Fitou-me com tristeza, deixou-se cair e expirou”.)

tensas e trágicas lágrimas tuas
furiando em ondas à força e à peso
ressoo de angústia sangrou-te o desejo
cantos e mares amores e luas...

invernos de febre em lágrimas duas
rompeu um violino o cosmo indefeso
e além dos teus olhos noites eu vejo
e um céu em silêncio às musas já nuas...

um denso pesar voou ao fatal...
o que é isso em ti que insano me abrigo?
que é este sonho que me arma um sinal?

lágrima lenta que lento eu te sigo
morre o sentido degrau a degrau...
deixa-me oh Brahms que eu sinta contigo...

13 comentários:

Unknown disse...

REIFFER!

Que é isso? Não é apenas um poema, pois meus olhos marejaram.

As palavras falam e senti o que Brahms deve ter sentido sem sequer ter ainda morrido.

Bravíssimo!

Perdemos, nós. Há seres que deveriam ser imortais.

Beijos, poeta!

Mirze

Davi Machado disse...

Gracioso soneto. Válido a este vulto de tamanha grandeza que é Brahms.

Milton Ribeiro disse...

Belo, belíssimo post. Movido a mais pura paixão.

P.S.- Podias pôr na roda esse CD??? Pô, King`s College. Vais ficar com ele só pra ti...?

Kamilla Rodrigues disse...

muito, muito profundo.
nos deixa a pensar.
=*
estou seguindo.

Aмbзr Ѽ disse...

retrata a dor lúgubre da hora crucial. demais.

Anônimo disse...

Uau, vc se supera, incrível poema! Uma construção tocante, que emociona, nos prende num suspiro.
Bravo!

Richard Mathenhauer disse...

Belo Soneto!

... acho bem difícil ficar feliz na hora da morte, viu... Uns choram, outros erguem o punho, mas pouca gente vai tranquila...

Abraços, Reiffer!

guímel disse...

Extremamente maravilhoso.

Parabéns,

bjsss

Gisa disse...

Fiquei triste...
Um bj

Matheus de Oliveira disse...

Perfeito! simplesmente.

Castro Lisboa disse...

Sentimental, intenso porém intangível ao melhor estilo simbolista de nebulosidade fugidia.

Clara S. Weisz disse...

que soneto encantador, moço!
mostra bem sua paixão por B. É lindíssimo o teu talento!

Anônimo disse...

Senti meu corpo arrepiar todo e ate agora assim ele esta...meus olhos tambem se enxeram de lágrimas. Espero após a minha morte poder encontrar com Johannes no paraíso.